30/09/2008

Hoje escrevo pra ti Bú!





Onde estás tu Hoje?


Vejo-te partir todos os dias
e revejo o teu chegar
Hoje, com olhos de menina...

Onde estás tu hoje?

Não reconheço o Homem forte
o Mestre, o Preciso
o Meu pilar, o Meu porto seguro.


As tuas Mãos!

Bú, pela primeira vez,
vias Vazias, sem Expressão
e não te Senti.

Vi-te, senti-te, como um naufrago,
como um barco à deriva
e tu, Meu mestre, Meu LObo
Perdeste-te lá no horizonte
e não mais encontraste a tua Estrela Polar


Hoje, nem as estrelas te guiam.

Sem rumo e sem chegada estás...

Parte!
Mas, relembra, e lembra-te do meu rosto
Leva-me contigo no teu Coração
É lá que eu habito
A razão, Hoje, não existe.


by Mir

para o Bú chico

04/09/2008

Procura-se Amigo



Não precisa ser homem, basta ser humano,
basta ter sentimento, basta ter coração.
Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir
Tem que gostar de poesia, de madrugada,
de pássaro,
de sol, da lua

do canto dos ventos e das canções da brisa.
Deve ter amor, um grande amor por alguém,

ou então sentir falta de não ter esse amor.
Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo.

Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão,
nem é imprescindível que seja de segunda mão.
Pode já ter sido enganado,
pois todos os amigos são enganados.
Não é preciso que seja puro,
nem que seja de todo impuro,
mas não deve ser vulgar.

Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e,
no caso de assim não ser,deve sentir o grande vácuo que isso deixa.
Tem que ter ressonâncias humanas,
seu principal objetivo deve ser o de amigo.
Deve sentir pena das pessoas tristes
e compreender o imenso vazio dos solitários.
Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos,

que se comova, quando chamado de amigo.

Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos,
de grandes chuvas e das recordações de infância.
Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer,
para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.
Deve gostar de ruas desertas,
de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva,
de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver,

não porque a vida é bela,
mas porque já se tem um amigo.

Precisa-se de um amigo para se parar de chorar.
Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas.

Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando,

mas que nos chame de amigo,

para ter-se a consciência de que ainda se vive.

Vinicius de Moraes