19/07/2014

Memória



E se?
É sempre esta a pergunta, não é?

Memórias...
que vivem só na memória estranha do que não vivemos

sentidos...
os meus, os teus, os nossos,
confusos, nunca sentidos, sempre indefinidos

é ser assim...
hoje triste,
sem céu, sem lá, sem verbo,
vivendo sempre em marcha a ré...

ver-te...
é cruel essa tua pele.
e são sempre as tuas costas que eu revejo,.
e é sempre a memória que se repete.

Recusas sair desse teu púlpito
esse hábito que carregas no peito,
fé sem pátria, credo, ou senhor,
que só tu profeta!

e ficas...
ora mirando, ora escondido, sempre emparedado!
nessas tuas paredes invisíveis
Nunca te comprometes!

Voz...
aquela voz... lembras-te?
Sim, aquela de que ñ tens memória!

Falar...
Sempre no verso duma rima
um ode divo...
e pedes a Quem? Pergunto? A Quem?

Deixa morrer...
Eu deixo! Eu morri...

Mas pergunto?
Como? Se nunca vivi!

Confuso...
Como? Se nunca chegamos até aqui ou lá…

O que sou?
Culpa, sou só culpa!



by mir


15/07/2014

Como?




Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?


As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.


É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.


Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.


Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.


O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.


by Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'

08/04/2014

Estou no meio!


Percorremos caminhos estranhos
Tudo é estranho, quase amorfo...
e eu preciso forma para caminhar.

Forma, uma forma de vida...
um estremecer, um renascer

não carecer, não este lamento
não este sopro de morte...

Estamos no meio!

Contemplamos, miramos
Há um horizonte!
Mas o destino, esse, fica sempre aquém,
Intocável e longe

E eu quero perto, junto

Estou no meio!


Hoje é daqueles dias, que se dependesse de mim, apagava a Lua do Céu,
mas a duvida é, se deixaria tb de existir a Sombra?

mas hoje, não sei de nada...


by Mir

28/03/2014



Não penses, sente
Não pares, segue



:+)

12/02/2014




Deixa-me errar alguma vez,



porque também sou isso: incerta e dura,
e ansiosa de não te perder agora que entre-vejo
um horizonte.
Deixa-me errar e me compreende
porque se faço mal é por querer-te
desta maneira tola, e tonta, eternamente
recomeçando a cada dia como num descobrimento
dos teus territórios de carne e sonho, dos teus
desvãos de música ou vôo, teus sótãos e porões
e dessa escadaria de tua alma.


Deixa-me errar mas não me soltes
para que eu não me perca
deste tênue fio de alegria
dos sustos do amor que se repetem
enquanto houver entre nós essa magia.

by  Lya Luft

05/02/2014

coisas que eu sei...





Porque eu detesto dias como os de hoje...
Em que tenho tempo para pensar...

Quem sou eu?
Onde estou?
Para onde vou?
Para onde devo ir?


Eu tb mereço ser feliz...

Coisas que eu sei...

Erraste qd te fizeste regra,
Qd na verdade és excepção...
Escreves exactamente como falas...
Sabias que trocas os es com os is...


Coisas que eu sei…
Pink de pink floyd = dad
A tua arrogância que me deixa completamente mad...

Little things...


também não entendo como, mas eu vejo-te...


Coragem...sou bem mais corajosa que tu...
Dei-te o meu nome, mostrei o meu rosto, fiz play...
Mas tu nunca acreditas até ao fim...


‘One nigth stand’ sei-os de cor,
enquanto tu percorres a distancia do meio
que  existe entre o mim e o nim!



E fico sempre na mesma pergunta que repito até ao fim...
Em modo reverso, saberias tu o meu nome?



******


You are a gamer my friend!!






03/02/2014

eu





Ontem saí de casa para ficar sozinha…para parar e pensar, nada melhor que o escurinho duma sala de cinema para me sentir anónima…

Fui ver o filme “A Rapariga que Roubava Livros” é absolutamente mágico, e ao mesmo tempo demasiado familiar e …catrapum pum pum…, na minha imaginação é assim que soa um colapso nervoso seguido de um choro compulsivo… demasiado real a história, demasiadamente próxima do coração…

Hoje sinto-me assim, como que vazia… eu não gosto de me sentir assim…
Escrever, é uma forma de sentir, de trazer para junto de mim, mas hoje não encontro as minhas palavras…

01/02/2014

Explicar Amor





...

tem  o tempo sua ordem já sabida;
o mundo, não; mas anda tão confuso,
que parece que dele Deus se esquece.

casos, opiniões, natura e uso
fazem que nos pareça desta vida
que ñ há nela mais que o que parece.

 by Camões





21/01/2014

say you tried




 Take a chance and step outside.
Lose some sleep and say you tried.


Meet frustration face to face.
A point of view creates more waves.

So lose some sleep and say you tried.









17/01/2014

O Nada




O que é o nada?
Nada?

Por acaso já não o viste?
Repara: nem o viste, nem o viste.
Só vemos metade de tudo o que existe.

Não há nada dentro do nada?
Isso é o que se diz.
O nada está cheio de coisas
que não há que há.
Se juntares um pirulim
e um anti-pirulim,
que são assim como um não e um sim
ambos desaparecem de uma assentada.
Para onde vão eles então? Para o nada.


Ou seja, o nada está cheio
de pirulins e de anti-pirulins,
de nãos e de sins.
E do mais que por lá haverá.
Há quem lá tenha visto um zagalete,
um interstúncio, e vê lá tu, um cromolim.
É verdade, um cromolim,
ou antes, dois, um pequeno
e outro grande, dos maiores de todos.
Assim!

Se não houvesse o nada,
não existia mais nada.
Para que aconteça alguma coisa
é preciso que não haja nada primeiro.
Onde o nada há ouve-se a respiração
de tudo que vai existir.

Tudo o que existe, já esteve lá, no nada.
Estas palavras vieram do nada.
Tu também vieste do nada.
Se agora és, ao nada o deves.
Quando já não fores, lá voltarás,
e lá ficarás, à espera do que vai acontecer.
És um nada que espera, sem o saber .
E não digas que não és nada
porque ser nada é já um modo de ser.



in O Brincador by Álvaro Magalhães.

09/01/2014

Urgentemente

Este é o poema que surge sempre que me faltam as (minhas) palavras...



É urgente o amor
É urgente um barco no mar

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos, muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.

by Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã"

it´s killing me


06/01/2014

.coffee.break.





L is for LOVE baby
O is for ONLY you that I do
V is for loving VIRTUALLY everything you are
E is for loving almost EVERYTHING that you do


in Loverman by Nick Cave