29/09/2010

THE INVISIBLE



Day burns down to night;
Burns the edges of my soul.
In the night I break into
Sparks of suns,
And become the fires end.
The dust of bones...
Night knifes my breath,
Swallows whole my tongue.
Turn back, reverse, return.
In the night I see
The real concealed
In the days bright lie.
Eyes stitched shut;
White teeth smile.
Sleep walks,
And talks,
And feet
Mark time
To the drumless beat...


Poem from the movie "The Invisible"


É por isso que, por vezes, fecho os olhos, durante o dia...

24/09/2010

Doce Melancolia...


"pediste-me palavras
as que queria
dizer-te
perderam-se
na névoa
sozinhas de mim
tanto queria
dar-te
essas palavras
mas no fundo
dos teus olhos
há abismos
intransponíveis
por onde elas
escorrem"
ÚLTIMA CARTA
Escrevi-te
como quem pedia água
de que nunca terás sede;
como quem dá

a certeza do Azul
nos dias mais cinzentos;
como quem se dá
na certeza
da troca

que nunca virá.
Escrevi-te
e chamei-te asa

como quem diz
nuvem
e disse viagem

como quem diz
rio
e fogo
e dor...
desta vez, porém

escrevo-te

e chamo-te
longe
como quem diz
lágrima
e despedida!..
COMO FOSSE BARRO

Como fosse barro
amasso gotas de saudade
e giro, giro
nesta roda de ausência
enquanto
cozendo a dor
faço em pó
os desejos de afecto...
 
depois, embrulho em papel
de seda, colorido
meus beijos de bem querer
e entregando-os ao vento
vou por aí fora
à procura de Amanhãs!...

by Maria Mamede


20/09/2010

15/09/2010

These Old Shoes





These Old Shoes - Deer Tick


FoofInhOooo!

:+)!!

14/09/2010

Pergunta-me


Pergunta-me

se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue

Pergunta-me

se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos

Pergunta-me


se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente


Qualquer coisa

pergunta-me qualquer coisa

uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer




by Mia Couto

10/09/2010

O recinto megalítico dos Almendres



Foto by Mir@ Évora


Existem lugares assim!


O recinto megalítico dos Almendres
O maior monumento megalítico da Península Ibérica e um dos mais antigos monumentos da Humanidade.
Foi construído há cerca de 7000 anos, nos alvores do Neolítico, a época em que surgiram, na Europa ocidental, as primeiras comunidades de pastores e agricultores, no contexto de profundas transformações culturais.
O recinto dos Almendres cuja planta original era, muito provavelmente, em forma de ferradura, aberta a nascente, parece ter sofrido acrescentos e remodelações: a forma actual do monumento, relativamente complexa, resulta, por um lado, dessas intervenções antigas e, por outro, de amputações e perturbações muito recentes. Actualmente, conta com cerca de uma centena de monólito, alguns deles decorados.
A escolha dos lugares em que estes monumentos foram erigidos, teve seguramente em conta a estrutura física da paisagem, nomeadamente a rede hidrográfica, mas também os fenómenos astronómicos mais notórios, relacionados com os movimentos anuais do Sol e da Lua, no horizonte.

Ver mais aqui

08/09/2010

Capitulo IV (O Princepizinho)


Luís Carvalho @ Clube Literário do Porto 




Eu aprendera, pois, uma segunda coisa, importantíssima: o seu planeta de origem era pouco maior que uma casa!

Não era surpresa para mim. Sabia que além dos grandes planetas - Terra, Júpiter, Marte ou Vénus, aos quais se deu nome - há centenas e centenas de outros, por vezes tão pequenos que mal se vêem no telescópio.

Quando um astrónomo descobre um deles, dá-lhe por nome um número. Chama-o, por exemplo: "asteróide 3251".

Tenho sérias razões para supor que o planeta de onde vinha, o príncipe, era o asteróide B612. Este asteróide só foi visto uma vez ao telescópio, em 1909, por um astrónomo turco.


Ele fizera na época uma grande demonstração da sua descoberta num Congresso Internacional de Astronomia.

Mas ninguém lhe deu crédito, por causa das roupas que usava. As pessoas grandes são assim.


Felizmente para a reputação do asteróide B612, um ditador turco obrigou o povo, sob pena de morte, a vestir-se à moda europeia.

O astrónomo repetiu a sua demonstração em 1920, numa elegante sobre-casaca. Então, dessa vez, todo o mundo se convenceu.

Se lhes dou estes detalhes sobre o asteróide B612 e lhes confio o seu número, é por causa das pessoas grandes.

As pessoas grandes adoram os números.

Quando a gente lhes fala de um novo amigo, elas jamais se informam do essencial. Não perguntam nunca:


"Qual é o som da sua voz?"

"Quais os brinquedos que prefere?"

"Será que colecciona borboletas?"

Mas perguntam:


"Qual é sua idade?"

"Quantos irmãos ele tem?

"Quanto pesa?"

"Quanto ganha seu pai?"


Somente então é que elas julgam conhece-lo.

Se dizemos às pessoas grandes:

"Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, gerânios na janela, pombas no telhado..." elas não conseguem, de modo nenhum, fazer uma ideia da casa. É preciso dizer-lhes: "Vi uma casa de seiscentos contos". Então elas exclamam: "Que beleza!"



Assim, se nós dissermos: "A prova de que o principezinho existia é que ele era encantador, que ele ria, e que ele queria um carneiro. Quando alguém quer um carneiro, é porque existe" elas encolherão os ombros e chamar-nos-ão de criança!

Mas se dissermos: "O planeta de onde ele vinha é o asteróide B612" ficarão inteiramente convencidas, e não nos chatearão com mais perguntas. São assim mesmo. É preciso não lhes querer mal por isso, às pessoas grandes. As crianças devem ser muito indulgentes com as pessoas grandes.

Mas nós, nós que compreendemos a vida, nós não ligamos aos números!

Gostaria de ter começado esta história à moda dos contos de fada. Teria gostado de dizer:

"Era uma vez um pequeno príncipe que habitava um planeta pouco maior que ele, e que tinha necessidade de um amigo..."


Para aqueles que compreendem a vida, isto pareceria sem dúvida muito mais verdadeiro.

Porque eu não gosto que leiam meu livro levianamente. Dá-me tristeza narrar essas lembranças! Faz já seis anos que meu amigo se foi com seu carneiro. Se tento descreve-lo aqui, é justamente porque não o quero esquecer. É triste esquecer um amigo. Porque nem toda a gente tem amigo. E eu corro o risco de ficar como as pessoas grandes, que só se interessam por números. Foi por causa disso que comprei uma caixa de tintas e alguns lápis também. É duro pôr-me a desenhar na minha idade, quando nunca se fez outra tentativa além das jibóias fechadas e abertas dos longínquos seis anos! Experimentarei, é claro, fazer os retratos mais parecidos que puder. Mas não tenho muita esperança de conseguir. Um desenho parece passável; outro, já é inteiramente diverso. Engano-me também no tamanho. Ora o principezinho está muito grande, ora pequeno demais. Hesito também quanto à cor do seu traje. Vou arriscando então, aqui e ali. Enganar-me-ei provavelmente em detalhes dos mais importantes. Mas é preciso desculpar. O meu amigo nunca dava explicações. Julgava-me talvez semelhante a ele.

Mas, infelizmente, não sei ver carneiro através de caixas.
Sou um pouco como as pessoas grandes.
Acho que envelheci.




No vídeo, Luís Carvalho @ Clube Literário do Porto

Bem, já aqui falei da minha paixão por este livro!!

O Vídeo não está grande coisa... principalmente no primeiro minuto, mas depois fica bem melhor...

07/09/2010

Confissão dos Olhos


 

Na sala, muita vez, junto aos que estão contigo,
Noto entrando que ao ver-me, entre surpresa e enleio

Ficas
, como se acaso um sofrimento antigo

Eu te viesse acordar lá no íntimo do seio.
 

Por que enleio e surpresa?  
Olham-te, e empalideces;
Pões a vista no chão
, fazes que desconheces
  
Estar ao pé de ti quem te perturba; acaso
Vais distraída; aqui tocas a flor de um vaso,

Ali de um velho quadro atentas na gravura;

Achegas-te à janela, olhas a tarde pura,

Voltas
. De face então vês-me a estremecer. 

Quase Disseste o que dizer te anseia há muito;  
a frase
Íntima
, breve e ardente

em teu lábio purpúreo Aflou num palpitar, fez ouvir um murmúrio,
Mas refluiu... Em torno atentos te encaravam.

Foi quando para mim teus grandes olhos voaram,

Voaram
, vieram, assim como do firmamento

Duas estrelas, e a alma unindo a um pensamento

Único, em fluido a escoar dos raios de ouro em molhos,
 

Somem-se em mudo assombro,  
abismam-se em meus olhos.

E em minh'alma, 

lá dentro, eu sinto então, querida,  
Que eles deixam cair, no ardor em que me inflamo, 
Ah! e com que calor, com que sede de vida!
 Letra a letra, a tremer, o teu segredo: Eu te amo!




 In: Poesias completas de Alberto de Oliveira

03/09/2010

Help is on the way...





"Help is On The Way" Directed by Charles Schneider. features the music of The Centimeters. Nora Keyes is featured as a pallid madhouse inmate who escapes to the woods, magically conjuring otherworldly creatures to assist her in freeing her lover from the sanitarium. Additional soundtrack composed for the work by David J of Bauhaus. Special effects by surreal effects artist Screaming Mad George. Photography by Theodore Pingarelli. Produced by Maria Montgomery and Julie Simmons .



01/09/2010

Suave e Silenciosamente




Tememos demasiadas doenças incuráveis,
terramotos, viagens repentinas,
telegramas atrasados – e um olhar, cravado
na nuca –

mas a seu tempo tudo isso vem,
sem grande pressa – e sem atrasos -,
exactamente quando chega a hora,

nem sempre de forma definitiva,

suave e silenciosamente,
sem deixar pegadas na paisagem
movediça

como a hora de partida do comboio
ou uma ida ao cinema



by Ryszard Krynicki