24/02/2010

Embebeda-te!



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Deves estar sempre bêbedo.

Tudo se resume a esta questão:
de forma a deixares de sentir
o horrível fardo do tempo
que te pesa nos ombros
e te prende à terra,
deves embebedar-te sem tréguas.
Mas com quê?

Com vinho, com poesia ou com virtude,

é só escolher, mas embebeda-te.

E se alguma vez acordares
no pórtico de um palácio,
na verdura de uma vala,
na sombria solidão do teu quarto
e a bebedeira tiver diminuído ou desaparecido,
pergunta ao vento,
à vaga,
à estrela,
ao pássaro,
ao relógio,
a tudo o que foge,
a tudo o que geme,
a tudo o que gira,
a tudo o que canta,
a tudo o que fala,

pergunta que horas são

e o vento,
a vaga,
a estrela,
o pássaro
e o relógio responderão:

"São horas de te embebedares!"

Para que não sejas escravo martirizado do tempo,
embebeda-te, embebeda-te sem tréguas!

Com vinho, com poesia, com virtude,
é só escolher.



by Charles Baudelaire




Este é um dos meus poemas de eleição!

Simplesmente Genial!

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