09/11/2012

noblissima visão

 Pastelaria

 

Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tantas maneiras de compor uma estante!

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é por ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria e, lá fora - ah, lá fora! - rir de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra.

 

Fantasia gramática e fuga (com eco)

No fundo eu não sinto             minto minto minto
Como sou burguês                  vês? vês? vês?
Vou ao baile baile                 aile aile aile
Mas não sei dançar                 ar ar ar

Visto de setim                      sim não sim
Vou depressa e bem              olha quem
Eu sei que serei                    rei
Do mundo que vem               mui to bem

Bate coração                       ão! ão! ão!
Palhaço em Palheiro            mário de sá-carneiro
Meu golpe de vista              fu-tu-ris-ta
Tapa a boca Oh                   pó-ni-pi-ni-pó
Tapa a Boca Oh                   pó-ni-pi-ni-pó
tApa a bOca Oh
taPa a boCa Oh
tapa a boca sim
                                            fim





O Último Poema

cavalo. cavalinho. cavalicoque.
deixá-lo

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