Olha bem para mim!
Porque queres ser-me?
... quando eu mesma não me gosto.
31/07/2009
30/07/2009
28/07/2009
Sempre
À beira mar tudo se vê
Numa projecção maior...
A fantasia é mais vasta,
Embora caiba
Numa flor!
O mar incendeia o eco
Marítimo da Aventura!
O mar é uma voz que chama
E a gente vai!...Se é loucura
Obedecer-lhe e partir,
O homem não raciocina
e perde-se na viagem
Sempre mais sonho que quimera
Que restrita realidade!
O mar é a fonte e o ritmo
De onde nasce e onde canta
A nossa grande saudade!
Nele as estrelas e os céus
Reflectem limpidamente
O mistério da sua transição!
E cabe até numa vida
O seu atlântico mundo
De de certezas sem destino!
Alongo o meu olhar!... Além,
Há qualquer coisa que toma
o recorte de uma navio!
Mas não! Foi onda, foi névoa,
Foi ilusão!... um arrepio,
à superfície das águas,
Suspende o rumor cansado
Desta eterna inquietação!
O dia parte. Esmorecem
as espumas no rodeio
lento e frágil... em surdina
Chora um búzio desprezado
Aqui na praia esquecido!
Na transparência azul do firmamento
a lua tem a calma doentia
Daquilo que me vai no pensamento.
Poema de António Botto, in: "O Livro do Povo"
Botto, um grande poeta, um dos meus favoritos...
Alguém que estava muito à frente no pensamento do seu seu tempo... um incompreendido...
Adoro a sua arrogância, a sua ousadia, mas também a sua fragilidade e sensibilidade...
Este é um poema especial... espero que gostem!
24/07/2009
Hoje dói-me pensar
23/07/2009
Por caminhos rectos, não sei ir...
Sei lá! Sei lá! Eu sei lá bem
Quem sou? Um fogo-fátuo, uma miragem...
Sou um reflexo... um canto de paisagem
Ou apenas cenário! Um vaivém
Como a sorte: hoje aqui, depois além!
Sei lá quem sou? Sei lá! Sou a roupagem
De um doido que partiu numa romagem
E nunca mais voltou! Eu sei lá quem!...
"Minha culpa" de Florbela Espanca
Por caminhos rectos, não sei ir.
Nos ínvios por que vou, não sei ficar.
Suspenso do passado e do porvir,
Venho e vou!, venho e vou!, não sei parar.
"Libelo" de José Régio
Mais do que o vício, solitário e agudo,
De tentar por tentar, e achar em tudo
O azedo a cinza após a febre e a festa.
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