não custa nada
É só deixar correr
e perfazer
os dias da jornada
É ir no vento
ou contra o vento
mas ir
Viver
não custa nada
O que custa é sentir
este amor este lume
e não se prescindir
deste ciúme
Viver
não custa nada
O que custa é saber
que amanhã ou depois te vou perder
e o que ainda é mais triste
é ver que o Amor das minhas alegrias
afinal não existe
porque não cabe nos dias
Viver
não custa nada
que o que torna a vida impertinente
eivada de acrimónia
é o estado de alerta permanente
é esta imensa insónia
é esta sede avara
que me corrói e não pára
que me tortura e não sara
é tu seres… é tu seres o sol poente
que não volta a nascer
Viver
não custa nada
Atravessar a vida não enfada
que o Mundo é grande e vário
e viver é mesmo extraordinário
quando p´ra além dos sóis
há o sol do teu sorriso
Mas depois
é preciso
vencer
todos os medos
de ver que o hoje foge
e que à socapa
tudo se nos escapa
entre os dedos
Viver
não custa nada
O que custa é entender
como é maior que o peito o coração
e como mesmo assim
eu sinto dentro em mim
o peito vão
tão cheio de vazio e desconsolo
que mais parece
a noz que se oferece
sem miolo
Viver
não custa nada
Muito menos
morrer
Anthero Monteiro
in: "Canto de Encantos e Desencantos", Vila Nova de Gaia, Corpos Editora, 2005, 2.ª Edição
2 comentários:
Enfim, resumindo e concluindo, o AMOR É FODID... esse malandro troca-nos as voltas todas!
lollollol!!!
"sinhe"!!!... é complicado, ou somos nós que complicamos, sei lá é uma complicação, difícil de descomplicar...lol
beijo
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