11/12/2009

A Torre de Babel ...



Pois!!

Porque ontem levamos uma " injecção" de Guerra Junqueiro...

...Mas quando eu penso - Guerra Junqueiro, o que me vem à cabeça é este fantástico poema...

[mente deturpada a minha, eu sei]


:+)




Eu canto do Soriano o singular mangalho!
Empresa colossal! Ciclópico trabalho!
Para o cantar inteiro e para o cantar bem
precisava viver como Matusalém.
Dez séculos!
Enfim, nesta pobreza métrica
cantemos essa porra, porra quilométrica,
donde pendem os colhões de que dão ideia vaga
as nádegas brutais do Arcebispo de Braga.



Sim, cantemos a porra, o caralho iracundo
que, antes de nervo cru, já foi eixo do Mundo!
Mastro de Leviathan! Iminência revel!
Estando murcho foi a Torre de Babel!
Caralho singular! É contemplá‑lo!
É vê‑lo
teso! Atravessaria o quê?
O Sete‑Estrelo!!
Em Tebas, em Paris, em Lagos, em Gomorra
juro que ninguém viu tão formidável porra!
É uma porra, arquiporra!
É um caralhão atroz
que se lhe podem dar trinta ou quarenta nós
e, ainda assim, fica o caralho preciso
para foder, da Terra, Eva no Paraíso!!
É uma porra infinita, é um caralho insonte
que nas roscas outrora estrangulou Laoccoonte.



Oh, caralho imortal! Glória destes lusos!
Tu podias suprir todos os parafusos
que espremem com vigor os cachos do Alto Douro!
Onde há um abismo, onde há um sorvedouro
que assim possa conter esta porra do diabo??!
Marquês de Valadas em vão mostra o rabo,
em vão mostra o fundo o pavoroso Oceano!
—Nada, nada contém a porra do Soriano!!



Quando morrer, Senhor, que extraordinária cova,
que bainha, meu Deus, para esta porra nova,
esta porra infeliz, esta porra precita,
judia errante atrás duma crica infinita??
—Uma fenda do globo, um sorvedouro ignoto
que lhe há‑de
abrir talvez um dia um terramoto
para que desagúe, esta porra medonha,
em grossos borbotões de clerical langonha!!!



A porra do Soriano, é um infinito assunto!
Se ela está em Lisboa ou em Coimbra, pergunto?
Onde é que ela começa?
Onde é que termina
essa porra, que estando em Braga, está na China,
porra que corre mais que o próprio pensamento
porque é porra de pardal e porra de jumento??
Porra!
Mil vezes porra!
Porra de bruto
que é capaz de foder o Cosmo num minuto!!


(de “Pedro Soriano”)


by Guerra Junqueiro


in: revista 365, nº24 Março 2007

3 comentários:

menina... disse...

Ai, Ai... até me fez suspirar isto...

menina... disse...

Ora, aqui está um poema que os nossos 'amigos pucarenses' iriam adorar declamar!!!

Mir disse...

lollollol!!!!

PORRA!!!

Oh não sei!!